“A pescaria continua normal”, afirmam pescadores após ataque de onça no Pantanal

“A pescaria continua normal”, afirmam pescadores após ataque de onça no Pantanal

Apesar da gravidade do episódio, a visão entre os pescadores é de que a pescaria no Pantanal continua segura

Mesmo após o ataque fatal de uma onça-pintada ao caseiro Jorge Ávalo, 60 anos, no pesqueiro Touro Morto, no Pantanal sul-mato-grossense, pescadores e profissionais do turismo seguem confiantes na segurança da atividade, desde que respeitados os limites da natureza.

O incidente que vitimou Jorginho, como era conhecido na região, ocorreu na madrugada de segunda-feira (21), e causou comoção entre moradores e frequentadores da região. O corpo do caseiro foi encontrado apenas no dia seguinte, a cerca de 300 metros do local do ataque, durante buscas no entorno do encontro dos rios Miranda e Aquidauana. A onça, ainda nas imediações, chegou a avançar sobre um dos membros da equipe de resgate.

Apesar da gravidade do episódio, a visão entre os pescadores locais é unânime: a pescaria no Pantanal continua segura. Para Fábio Lopes de Paula, 44 anos, morador de Aquidauana e proprietário da empresa Corujão da Madrugada, especializada em pesca noturna, o incidente não deve afastar turistas nem comprometer a prática na região.

“A pescaria continua normal como sempre foi no trecho. Jorginho convivia com essas onças há mais de 10 anos, facilitou demais. Eu ainda aposto que o lugar vai ser mais visitado ainda do que antes. Onça não pula dentro de barco para pegar pescador. É só ninguém ficar descendo em barranco”, afirmou Fábio, que atua há seis anos como guia de pesca, com embarcações preparadas para expedições noturnas e diurnas nos rios Itaju e Pindó.

O assessor parlamentar Clovis Motta com peixe pintado, no Rio Miranda (Foto: Arquivo Pessoal)
Segundo ele, o que deve mudar é o comportamento de quem costuma acampar às margens dos rios. “Acampar e descer em barranco acredito que ninguém mais vai fazer isso, nem deve. Mas pescaria não muda nada não”.

Essa mesma confiança é partilhada por Clovis Motta, 66 anos, assessor parlamentar e pescador experiente. Morador de Campo Grande, ele pesca por lazer há quatro décadas e afirma que a próxima pescaria, marcada para o início de maio, segue confirmada.

“Vamos pescar da mesma maneira que sempre fazemos, respeitando todos os animais. Não acampamos às margens do rio e não alimentamos os bichos. Já vimos muitas onças nas pescarias, mas nunca houve problema”, disse Clovis. “Claro que no começo fica todo mundo mais ligado, mas medo a gente não tem. O que aconteceu é muito raro”, acrescentou.

Outro pescador que reforça a permanência da atividade é Sérgio Danilo Tanahara Tomiyoshi, 37 anos. Para o médico, o ataque da onça não altera sua rotina nem o destino de suas expedições. “Não vou evitar de ir ao Touro Morto. Continuarei indo normalmente quando houver necessidade. Só vou manter os cuidados habituais que se deve ter ao pescar em uma região onde há onças e outros animais selvagens”.

Fábio e cliente de sua empresa após pescar um peixe Jaú (Foto: Arquivo pessoal)
Morte Jorginho – Jorge Ávalo foi atacado por onça-pintada nas primeiras horas da segunda-feira (21). A denúncia foi feita por um guia de pesca local, que havia se dirigido ao rancho para adquirir mel com o caseiro.

Ao estranhar sua ausência, encontrou vestígios de sangue e pegadas de animal silvestre de grande porte nas proximidades. As imagens foram enviadas à PMA e também circularam nas redes sociais. Verificou-se que a propriedade contava com sistema de câmeras de segurança, porém os equipamentos não estavam em funcionamento no momento do ocorrido.

Equipes da PMA de Corumbá, Miranda e Aquidauana seguiram até o local, acessível apenas por embarcação – com trajeto de cerca de duas horas a partir do porto de Miranda – ou por aeronave. No local, os policiais encontraram os vestígios e acionaram o GPA (Grupamento Aéreo da Polícia Militar) e a Polícia Civil, que transportaram o delegado e o perito criminal até o pesqueiro.

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