Riedel diz que governo vai enviar documentos para vistoria do TCE em obras de Patrola no Pantanal

Riedel diz que governo vai enviar documentos para vistoria do TCE em obras de Patrola no Pantanal

Obras foram paralisadas após investigação e decisão do TCE-MS

O Governo de Mato Grosso do Sul irá enviar documentos para a investigação do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul) em obras no Pantanal, realizadas pelo empreiteiro André Luiz dos Santos, o Patrola. A afirmação é do governador Eduardo Riedel (PSDB), nesta segunda-feira (17), após a Corte pedir a suspensão das obras nas rodovias da região pantaneira.

“Vamos atender às demandas do TCE para que possa esclarecer qualquer dúvida. Estamos nos antecipando e enviando todas as informações para que retome imediatamente e não prejudique as obras”, garantiu o governador.

A ordem de paralisação dos serviços na BR-228 foi publicada pelo TCE-MS após série de reportagens do Jornal Midiamax, que denunciam o desmatamento na região do Pantanal e uso de materiais de baixa qualidade. Assim, a decisão assinada pelo presidente da Corte, Jerson Domingos, também afeta outras obras na região.

Em agenda nesta segunda-feira (17), Riedel destacou que a paralisação das obras é temporária. “Pode parecer que vai ter um atraso para implantação de estradas no Pantanal, TCE suspendeu temporariamente a construção das estradas no Pantanal para checar contratos, convênios, e nós respeitamos”, disse.

Portanto, afirmou que as obras serão reativadas. “As obras vão retornar, temos convicção disso. Não temos nada a esconder e nunca tivemos, falo isso pela gestão anterior”, finalizou.

MS pantanal
Fazenda do empreiteiro desmatada e o corredor em construção ao lado, no Pantanal sul-mato-grossense. (Marcos Ermínio, Jornal Midiamax)

Agesul paralisa obras

No último dia 14, a Agesul (Agência Estadual de Gestão e Empreendimentos) publicou a paralisação da obra na Rodovia MS-228, no Diário Oficial do Estado. O contrato foi firmado com André Luiz dos Santos, o Patrola, dono da ALS Transportes (CNPJ 05.370.728/0001-29).

Apesar da publicação ter sido feita só nesta sexta-feira, a informação que consta é de que a assinatura da paralisação foi feita em 23 de junho. Assinam Mauro Azambuja Rondon Flores, da Agesul, e André Patrola.

Em resposta aos questionamentos do Midiamax, a Agesul informou que a paralisação “é uma decisão liminar que será analisada pela PGE (Procuradoria-Geral do Estado), que irá se manifestar”.

Desmatamento e obras

Auditoria da Corte constatou as irregularidades apontadas na denúncia do Midiamax como utilização de insumos de baixa qualidade, materiais usados na obra despejados em área de preservação e falta de sistema de drenagem.

As denúncias da reportagem mostraram como a MS-228 – executada pela empreiteira de Patrola -, na região da Nhecolândia, umas das mais preservadas do Pantanal, está deixando rastro de destruição. Além disso, a denúncia mostra que Patrola estaria comprando fazendas no entorno de rodovias que está construindo.

Na MS-228, por exemplo, o empreiteiro é proprietário da Fazenda Chatelodo. Por lá, Patrola é responsável por desmatar área de 1,3 mil hectares, o equivalente a 1,3 mil campos de futebol.

As publicações do Midiamax detalham o desmatamento de 1,3 mil hectares e a rota de obras de responsabilidade de empresas contratadas pela Agesul com indícios de irregularidades.

A investigação do TCE-MS começou em 3 de julho e seguiu até a última sexta-feira (07), após a equipe inspecionar a rodovia MS-228. Diversos trechos das estradas, que são objeto de contratos para implantação de revestimento primário de rodovia não pavimentada, foram vistoriados.

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