Novo chefe do Consórcio Guaicurus pede reajuste da tarifa e avisa: ‘já subiu em 14 capitais’
CEO dos empresários do ônibus disse que diesel subiu 10% em um mês e quer que prefeitura ‘cumpra o contrato’
Novo chefe do Consórcio Guaicurus, Themis Oliveira afirmou que quer o reajuste da tarifa do ônibus. Ele foi apresentado nesta terça-feira (7), em coletiva de imprensa em Campo Grande.
Assim, o diretor-presidente adiantou que o aumento vai acontecer. “Se vocês olharem, no Brasil inteiro, na maioria das capitais, em mais de 14, já reajustaram o transporte coletivo”, pontuou.
Apesar de laudo pericial ter apontado lucro de R$ 68,5 milhões nos primeiros sete anos de concessão – de 2012 a 2019 -, o Consórcio Guaicurus move uma verdadeira ‘enxurrada’ de ações na Justiça. Entre tantos pedidos, os empresários do ônibus pedem indenização milionária, revisão do contrato, mais subsídios e aumento da tarifa técnica – valor complementado pelo município – de R$ 5,95 para R$ 7,79.
Ao lado do empresário Paulo Constantino, que detém a maioria das empresas de ônibus em Campo Grande, o novo CEO manteve o tom do Consórcio Guaicurus e reclamou de custos ao ser questionado sobre a nova tarifa. “[O município] tem que cumprir o contrato. Já reajustamos os salários [dos motoristas e funcionários] e o diesel subiu 10% somente no último mês”, reclamou.
Além disso, vale ressaltar que o Consórcio Guaicurus recebeu mais de R$ 42 milhões em subsídios no ano passado e o valor pode aumentar em 2025.
No entanto, Themis evitou dar mais detalhes sobre o assunto e ‘empurrou’ a decisão sobre o valor para a prefeitura. “O que a gente discute é que o contrato seja cumprido, que a fórmula [de cálculo da tarifa] seja executada […] vou sentar na mesa e começar a conversar com a prefeitura, mas não há nada definido que possa antecipar”, concluiu.
Consórcio ignorou laudo que derruba tese dos empresários
Todos os anos, na negociação sobre o aumento da tarifa do ônibus, os empresários do Consórcio Guaicurus apresentam as mesmas alegações para conseguirem um aumento maior: dificuldade financeira.
No entanto, laudo pericial determinado pela Justiça apontou uma realidade bem diferente: lucro de R$ 68,5 milhões, aumento patrimonial e descumprimento de contrato por parte do Consórcio Guaicurus.
Porém, os empresários decidiram pagar R$ 272 mil para realizar uma nova perícia na contabilidade das empresas de ônibus. O laudo ainda não ficou pronto.
Além disso, reportagem do Jornal Midiamax já mostrou que o Consórcio Guaicurus fatura mais de R$ 195 milhões em um ano, conforme balanço da própria empresa.
Excelente?
Em novembro de 2024, a Agetran (Agência Municipal de Trânsito) classificou o serviço de transporte público em Campo Grande como “bom e excelente”. Porém, usuários manifestaram indignação com o conteúdo do relatório.
Um dos comentários mais curtidos na postagem do Jornal Midiamax sobre o relatório nas redes sociais ironizou: “Esses agentes literalmente não andam de ônibus”. Outro comentário reforçou a crítica: “Nossa, pensa num conforto, manda os donos irem trabalhar de ônibus já que é tão confortável”, declarou uma usuária.
Houve também espaço para comentários sarcásticos sobre o estado das vias urbanas. “Sim, são perfeitos. Combinado com o asfalto digno de uma Autobahn alemã, o conforto é inexplicável”, escreveu um internauta.
Não ouviram usuários
Além disso, usuários questionaram a transparência do relatório. “Tem que investigar a Agetran e quem fez esse relatório. Chega a ser ridícula uma afirmação em relatório de uma agência que deveria fiscalizar a prestação do serviço. Mostra claramente a falta de fiscalização e atuação do órgão municipal”, disse outro.
Para muitos, ouvir os usuários diretamente seria a melhor solução. “Vai nos terminais em horário de pico e faz uma enquete para ver se isso é a voz do povo!”, sugeriu um cidadão.
Uma usuária resumiu o sentimento geral: “A melhor avaliação do transporte público é aquela realizada pelos usuários. É só conferir os comentários que a avaliação está feita”.