Marquinhos tentou tirar vacina de 13 cidades onde agora irá pedir votos
por Marcos Santos
Nem me lembro o nome do filósofo que um dia escreveu uma das frases mais verdadeiras da política: nada como um dia após o outro e uma noite no meio. Veja essa: em 2 de julho de 2021, exatamente às 15h45, o portal oficial da Prefeitura de Campo Grande postava uma fotografia onde o então prefeito Marquinhos Trad (PSD) aparecia diante do prédio do Ministério Público Estadual (MPE) onde fora entregar ao promotor de Justiça, Alexandre Magno Benites de Lacerda, uma petição para tentar impedir que a Secretaria de Estado de Saúde enviasse 80% das 207.050 doses da vacina Janssen (aquela de dose única) aos municípios de fronteira. A iniciativa do então secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende (PSDB) tinha como propósito aplicar a vacina de dose única nos moradores de 13 municípios de fronteira com o Paraguai e a Bolívia para proteger essas pessoas com maior celeridade, já que a pandemia de Covid-19 mostrava-se mais fatal nessas regiões, justamente por falta de infraestrutura hospitalar. Enquanto Geraldo se preocupava em salvar a vida das pessoas, Marquinhos Trad se preocupava em fazer política com a pandemia, possivelmente já pensando na candidatura ao governo de Mato Grosso do Sul em 2022. Na última sexta-feira, a Câmara de Vereadores recebeu a carta renúncia do prefeito que no mesmo final de semana lançou-se pré-candidato ao governo do Estado. Uma pergunta não quer calar: será que Marquinhos Trad acredita que somente os votos dos campograndenses lhe bastam para chegar ao Parque dos Poderes? Vai vendo! A notícia onde o prefeito se insurgia contra os vulneráveis moradores dos 13 municípios de fronteira pode ser lida através do link https://www.campogrande.ms.gov.br/cgnoticias/noticias/prefeitura-vai-ao-mpe-por-justica-na-distribuicao-de-vacinas-da-janssen-em-ms/. Acessa lá e confere a íntegra! Deveria causar preocupação ao staff do ex-prefeito Marquinhos o fato do agora pré-candidato ao governo ter que fazer campanha eleitoral nos municípios de Mundo Novo, Japorã, Sete Quedas, Paranhos, Coronel Sapucaia, Aral Moreira, Ponta Porã, Antônio João, Bela Vista, Caracol, Porto Murtinho, Corumbá e Ladário. O primeiro parágrafo da notícia postada no dia 2 de julho de 2021 demonstrava o desprezo do então prefeito Marquinhos Trad com os moradores dos municípios de fronteira: “Por justiça na distribuição de vacinas aos 79 municípios de Mato Grosso do Sul, o prefeito da Capital Marquinhos Trad protocolou, nesta sexta-feira, um Pedido de Providências em caráter de urgência expressa para o Estado rever a remessa de 80% das 207.050 doses do imunizante a apenas 13 cidades. Junto com outros 65 municípios, Campo Grande terá que dividir apenas 20% do total das doses”. E agora Marquinhos, como você fará para pedir votos nessas 13 cidades discriminadas?
Gestão Complicada
É muito provável que parte dos eleitores das 13 cidades de fronteira dê nas urnas o troco ao candidato Marquinhos Trad, mas, também, é muito provável que esse troco nem precise ser dado caso se confirme os rolos que o ex-prefeito fez no comando da Prefeitura de Campo Grande. Diz a lenda que na ânsia de posar de grande tocador de obras e fazer caixa para a campanha, o pupilo da família Trad tenha lançado obras em número infinitamente superior à capacidade de caixa do município. Algumas dessas obras já estão paralisadas e dezenas de outros projetos deverão ser interrompidos no segundo semestre por falta de pagamento. Vai vendo!
Tabuleiro Eleitoral
Por falar na candidatura de Marquinhos Trad ao governo do Estado, o ex-prefeito terá na sua cola outros nomes com elevada densidade eleitoral em Campo Grande: a deputada federal Rose Modesto, que também disputará a cadeira de Reinaldo Azambuja (PSDB) pelo União Brasil; o ex-governador André Puccinelli, que já está fazendo pré-campanha pelo seu eterno MDB; o deputado estadual Capitão Contar, que recebeu quase 80 mil votos em 2018 e agora se lança na disputa pelo governo pelo desconhecido PRTB; além do debutante Eduardo Riedel (PSDB), que ainda não foi testado nas urnas da Capital, mas que tem garrafa vazia de sobra para vender e se tornar conhecido dos eleitores.
Tabuleiro Político
Com exceção do Capitão Contar, que jura ser o candidato do coração do presidente Jair Bolsonaro, os demais nomes terão apenas um foco no primeiro turno: desidratar Marquinhos Trad em Campo Grande, dividindo os votos e impedindo que o outrora prefeito Facebook chegue ao segundo turno. Caso o plano não dê certo, seja por uma eventual aprovação da gestão Trad pelos eleitores da Capital, seja porque os demais não combinaram com os russos (como costuma dizer o ácido Valfrido Silva), todos se união contra Marquinhos no segundo turno. Neste cenário, até mesmo André Puccinelli receberia o apoio incondicional de Rose e Riedel.
Comandante no MDB
Visto por muitos como herdeiro político do vice-governador Murilo Zauith (União Brasil), o professor universitário, contador, auditor e aviador Domingos Renato Venturini, o Comandante Renato, assinou a filiação ao MDB. Ninguém entende porque o Comandante não continuou filiado ao União Brasil, partido que surgiu da fusão do DEM com o PSL, mas tudo indica que o fiel escudeiro de Murilo esteja projetando enxergando algum céu de brigadeiro para voar mais alto, quem sabe uma primeira suplência ao senado ou até mesmo uma indicação para vice-governador.
Futuro do Comandante
O fato é que o Comandante Renato ainda não definiu que cargo irá disputar nas eleições gerais deste ano. Aos mais próximos ele tem afirmado que sua postura será de soldado do partido, de forma que seguirá o destino que for apontado pelo MDB. “O que deixei claro para o ex-governador André Puccinelli é que serei candidato desde que essa condição seja favorável para Dourados e região, dentro de um projeto que possa valorizar a importância da Grande Dourados no cenário estadual”, enfatizou.
Corpore Poderosa
Alguém consegue explicar o poder que a Corpore, a incorporadora que está erguendo edifícios por toda Dourados, tem na Agência Municipal de Trânsito (Agetran)? Porque somente uma empresa com muito poder conseguiria autorização para fechar vias importantes e bloquear o trânsito em pleno horário de pico em Dourados. Ontem, por exemplo, a Corpore bloqueou o tráfego na Rua Oliveira Marques, esquina com a Rua Mato Grosso, para descarregar um caminhão de material de construção, obrigando os motoristas a desviarem para a Weimar Torres em horário de pico. A pergunta que não quer calar: o contribuinte classe média que estiver construindo a sonha casa própria também pode fechar ruas para descarregar o caminhão de areia? Espia só!
Poderosa Corpore
Infelizmente essa prática da poderosa incorporadora não se restringe ao empreendimento que está sendo erguido no cruzamento da Oliveira Marques com a Mato Grosso. A obra que está sendo tocada na esquina da Avenida Weimar Torres com a Rua Quintino Bocaiúva também tem sido motivo de transtornos para os motoristas que usam aquela importante via. Quando não bloqueia a Rua Quintino Bocaiúva para descarregar material, a incorporadora bloqueia para lavar o asfalto. Nada contra a empresa, mas se precisa mesmo fechar ruas que o faça fora do horário de pico, preferencialmente após às 20h.
Créditos: Malagueta Ms