Grupo que registra aves em Dourados é surpreendido ao encontrar espécie de coruja rara
MURUCUTUTU
Grupo que registra aves em Dourados é surpreendido ao encontrar espécie de coruja rara
07 junho 2023 – 08h06Por Jessica Beatriz
Coruja murucututu observada em Dourados – Crédito: Moisés Anderson
No último sábado (3), integrantes do COA (Clube de Observadores de Aves) da Grande Dourados foram surpreendidos ao encontrar uma coruja murucututu, espécie rara e difícil de ser avistada devido ao desmatamento. A ave foi vista em uma área de vegetação particular pela primeira vez.
Criado em 2015 por universitários, principalmente da área de Biologia, o COA é um coletivo que reúne pessoas dos mais diversos segmentos, para observar aves na cidade e região. No Facebook, a página dos apaixonados pela atividade tem mais de mil seguidores.
De acordo com uma das participantes do grupo, Suzana Arakaki, a grande maioria dos seguidores apenas admira e acompanha as postagens dos mais atuantes, que são poucos. Segundo ela, menos de dez pessoas realmente se dedicam às atividades.
Os membros mais atuantes têm um grupo onde são divulgadas as “expedições” para observação de aves. Eles combinam horários, transportes e alimentação, se for o caso. A observação pode ser individual, mas por questão de segurança, é aconselhável que seja feita em grupo.
Porém, para participar ativamente é necessário certa disciplina como acordar cedo para estar no local de observação ao amanhecer, quando as aves despertam e precisam se alimentar. Ou no final da tarde, pouco antes do anoitecer.
Atualmente, Dourados tem 257 espécies de aves registradas no Wikiaves, plataforma digital utilizada pelos observadores de aves em todo Brasil. Ao todo, 45 mil usuários enviam seus registros, fotografias ou gravações, que são utilizados por pesquisadores de várias áreas.
Ainda de acordo com Suzana, que é professora de história da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), as espécies foram registradas por muitos observadores de aves da maior e mais populosa cidade do interior do Estado e de várias partes do país, que passaram pelo município.
Inclusive, ela relata que foi um observador de Santa Catarina que registrou, pela primeira vez, araras azuis em Dourados. Com base no registro, observadores do COA entraram em contato com ele e também puderam registrar a arara azul numa fazenda.
Questionada sobre qual a ave mais “exótica” encontrada em Dourados, Suzana diz que o ‘sanhaço papa laranja’ é o que mais desperta curiosidade nos observadores. Conforme a historiadora, ele é um pássaro da mata atlântica e Dourados é o limite da ocorrência da espécie.
“Curiosamente ele vem à minha casa, principalmente no inverno quando o alimento fica mais escasso. Meu quintal é muito frequentado pelos pássaros porque tem árvores nativas e frutíferas. Quando não tem frutas nas árvores, eu alimento os pássaros com frutas como banana e mamão”, comenta.
De acordo com Suzana, ao reportar uma espécie, o observador de aves prática a ciência cidadã. Dentro desse conceito, os usuários lançam registros visuais e auditivos para orientar os demais sobre a ocorrência de uma determinada espécie em certo local.
“Esse trabalho auxilia pesquisadores de diversas áreas. Mas para muito além disso, penso que a plenitude do ser humano acontece quando este se vê convivendo em harmonia com os demais seres vivos, respeitando e fazendo parte da biodiversidade com racionalidade”, explica.
Para se tornar um integrante basta observar, fotografar se tiver câmera, fazer o cadastro e tornar-se um usuário do Wikiaves ou eBird. Além disso, os interessados também podem postar as fotos no Facebook do Coa da Grande Dourados, neste link.
“Ficamos felizes quando mais pessoas passam a postar fotos de aves livres. Isso é importante: o observador de aves preza pelas aves livres na natureza. Não precisa se preocupar com qualidade e beleza das fotos, pode ser até de celular, desde que se consiga, minimamente, identificar a espécie”, afirma Suzana.