Dourados 2030: Desafios para Saúde, Meio Ambiente e Planejamento Urbano
Como Dourados espera chegar em 2030? Para responder a esse apelo, o CODED (Conselho de Desenvolvimento Estratégico) assumiu como desafio a elaboração, com a sociedade civil organizada, de um manual contendo orientações baseadas em nove eixos temáticos, norteadores de políticas públicas apresentadas sob a modalidade de Contribuição Colaborativa.
Entre as temáticas apontadas, membros conselheiros do CODED estão desde o começo do ano debruçados na análise sintética do que pode ser apresentado em termos de iniciativas de gestão para que, ao se promover o desenvolvimento de uma comunidade, haja um planejamento de forma a proporcionar qualidade de vida para a atual e futuras gerações. Saúde, Meio Ambiente e Planejamento Urbano são alguns desses temas em questão.
Saúde
A Saúde, por exemplo, um dos tipos de prestação de serviços mais procurados por essa densidade geográfica regional, ainda discute carências no atendimento odontológico, psicológico e psiquiátrico especializado para o setor público, e se debate com o alto endividamento criado com a implantação da Funsaud, mecanismo que se propôs a ser o gerenciador do Sistema Único. Atendimento insuficiente das demandas de alta complexidade e a deficiência no regime de contratação de mão de obra médica especializada emperram a qualidade exigida.
Ampliar os leitos e serviços especializados 100% Públicos Estatais, no HU-UFGD, no Hospital da Vida, no futuro Hospital Regional de Dourados, e no Hospital Municipal da Vida, de forma a ensejar atendimento gradativo das demandas de Dourados e macrorregião, em todas as linhas de cuidado necessárias e propostas, num formato integralizado, evitando a fragmentação do processo, são desafios emergentes.
Meio Ambiente
Pensar a preservação do meio ambiente é uma tarefa contínua. Não deve, a momento algum, deixar a pauta de discussões, de planejamento e especialmente, de ações. Um dos desafios para a Agenda Dourados 2030, em relação ao Meio Ambiente, é a ausência de um plano de contingência, estratégico e integrado, de medidas para enfrentamento às mudanças climáticas construindo resiliência e capacidade para enfrentar eventos climáticos e possíveis catástrofes naturais, integrado ao PD (Plano Diretor) atualmente em debate.
O país vive a situação de calamidade pela qual passam moradores do Rio Grande do Sul, diante de fortes chuvas que atingiram vários municípios, ocasionaram mortes, deixaram inúmeras famílias desabrigadas e ilhadas, em um cenário de destruição. “São situações inesperadas, mas que podem ser minimizadas com a adoção de medidas especiais e emergenciais”, comentou a consultora Márcia Santin, que empresta suporte técnico especializado ao CODED.
Dourados, por exemplo, deve ficar atenta às intempéries ocasionais que podem impactar áreas de fundo de vale, ambientes de preservação ambiental e se preocupar com a recente expansão territorial que demanda a necessária contrapartida em cuidados ambientais e de desenvolvimento. Questões como a implantação de parques lineares em consonância com o PD, objetivando a preservação da biodiversidade, recreação, mobilidade urbana e mitigação dos impactos climáticos negativos, a recomposição da vegetação nativa das nascentes e matas ciliares, identificação e implantação de uma rede de corredores ecológicos urbanos, o controle do despejo de resíduos e da contaminação da água, devem predominar a Agenda
Planejamento Urbano
A mobilidade é uma questão emblemática e que traz impactos diretos na vida da população. Ordenar o crescimento da cidade, com um planejamento que venha favorecer a acessibilidade, a segurança, o trânsito e o transporte (o tradicional direito de ir e vir) contempla a compatibilização do transporte coletivo à lei de uso e ocupação do solo que abrange as áreas que são destinadas às construções de moradias, espaços de lazer, vias públicas, estabelecimentos comerciais, equipamentos públicos e espaços de convivência e trabalho, entre muitos outros temas transversais.
A Agenda Dourados 2030 trará ações que apontem as demandas de infraestrutura urbana e de logística; dos diferentes modais de trânsito, aliados às inovações tecnológicas que contribuirão para que haja o melhor ordenamento da cidade.
Focar no desafio da mobilidade urbana em Dourados, sobretudo na atual defasagem do transporte coletivo, impõe discutir o atual modelo existente no município a partir da prioridade dada ao transporte individual (o automóvel particular). A frota de automóveis em Dourados tem se expandido velozmente a cada ano. Por outro lado, essa crescente frota de carros particulares tem dividido o trânsito com um volume acentuado de motocicletas e bicicletas, gerando um crescente número de acidentes que cobra um preço elevado à sociedade douradense em termos de perda de vidas humanas ou de pessoas (sobretudo, motociclistas) mutiladas. Essa prioridade ao transporte individual (carro-motocicleta) também é pouco sustentável em função da emissão de gases tóxicos na atmosfera, aumentando a emissão de carbono.
Entre as ações prioritárias definidas pelo Eixo do Planejamento Urbano para enfrentar esse desafio da mobilidade na cidade, destaca-se a atualização e implementação do Projeto de Reestruturação do Transporte Coletivo. Esse projeto de reestruturação é de 2013 e nunca foi implementado. Ele prevê mudanças importantes para ampliar e dar mais eficácia ao transporte coletivo na cidade, com a substituição do atual e deficiente modelo radial, onde as linhas de ônibus saem dos bairros em direção ao único terminal de transbordo existente na praça ‘Antônio Alves Duarte’, junto do Hospital Evangélico, por um modelo troncal com a implantação de novas vias e terminais de transbordo nas extremidades dessas. Isso agilizaria o funcionamento do transporte coletivo e ampliaria sua área de cobertura, com mais eficiência ao deslocamento por ônibus.