Doença infecciosa gerou promessa que tornou Santo Antônio padroeiro de Campo Grande

Doença infecciosa gerou promessa que tornou Santo Antônio padroeiro de Campo Grande

José Antônio Pereira era devoto de Santo Antônio, por isso Campo Grande tem uma relação tão forte com o Santo Casamenteiro

Que Santo Antônio é padroeiro de Campo Grande, todos já sabem. Mas, qual a relação do Santo – celebrado nesta quinta-feira (13) – com a Capital de Mato Grosso do Sul? Por quê, dentre todos os Santos, ele foi escolhido para o título?

Para entender tudo isso é preciso voltar no tempo, na época em que nosso estado ainda era território do Mato Grosso, quando José Antônio Pereira ainda se preparava para sair de Minas Gerais para desbravar um novo território, repleto de grandes campos.

O ano era 1870. Muitos militares voltavam para seus estados, após o fim da Guerra do Paraguai, relatando as vastas terras que haviam no sul de Mato Grosso.

Essa informação chegou até José Antônio Pereira, que já considerava suas terras insuficientes para sua família, que seguia crescendo. Ele formou sua comitiva, preparou os bois e cavalos, e deixou Minas Gerais com grandes expectativas.

“Quando José Antônio Pereira migra pra região que futuramente seria Campo Grande, ele traz não só o sonho de encontrar terras novas para cultivo e pecuária, mas também faz uma aposta muito elevada trazendo toda a sua família e aqueles que amava”, conta Pe. Wagner Divino De Souza, pároco da Catedral Nossa Senhora da Abadia e Santo Antonio de Pádua.

Desafios no caminho

Acontece que, ao chegar na região em que hoje é Paranaíba, José Antônio se deparou com um surto de doenças infecciosas. Alguns apontam ser malária. Outros, febre maculosa.

“Ele tinha entendimento de medicina popular. E ali ele se vê naquela situação: ‘eu paro aqui com a minha família, podendo, pelo risco, perder alguém que amo, mas ajudo essas pessoas. Ou, sigo viagem e finjo que nem vi?’”, conta Pe. Wagner.

Na dúvida, ele tomou um passo de fé. Devoto de Santo Antônio, José Antônio tomou a decisão que escreveria a história da futura capital de Mato Grosso do Sul: ele fez uma promessa. Se a comitiva chegasse sem óbitos ou feridos, dedicaria a primeira igreja que ele construiria na região a Santo Antônio, como gratidão pela proteção.

“Ele parou e socorreu a cidade. Na sua devoção a Santo Antônio, conhecendo a história desse homem grandioso que viveu no século XIII, e dos grandes milagres realizados na Europa, ele fez a promessa. E essa benção acompanhou a comitiva”, explica.

Primeira igreja de Campo Grande

O desenvolvimento de Campo Grande, portanto, baseou-se na fé e devoção ao Santo. Quando José Antônio Barbosa chegou na região que hoje fica o Horto Florestal, ele olhou para o alto – onde hoje conhecemos como Avenida Calógeras – viu uma colina e decidiu que ali seria instaurada a igreja prometida, inaugurada em março de 1878.

“Até hoje a Catedral de Santo Antônio está construída nesse lugar, que representa uma promessa que foi cumprida e por isso, inclusive, antes de se tornar o município Campo Grande, aqui se chamou Arraial de Santo Antônio”, explica o padre.

Os anos se passaram. O arraial nasceu como vila, passou a ser um povoado, até se tornar um município. No decorrer dos anos, diversos migrantes chegaram trazendo suas culturas e tradições, mas “algo particular cravou-se na cidade: uma devoção como gratidão pela proteção. Todos os primeiros atos importantes que aconteceram aqui, foi debaixo da proteção de Santo Antônio”.

História de Santo Antônio

Santo Antônio, conhecido como Santo Casamenteiro, é um dos nomes mais queridos dos fiéis portugueses e brasileiros. Assim, para diversos historiadores, ele foi uma figura importante, já que no século XIII, quando já era frade, viajou pela Europa ajudando a consolidar o papel dos franciscanos. Ele faleceu em 13 de junho, aos 36 anos – está é a razão da celebração de hoje.

Embora ele receba o título de Santo Casamenteiro, nenhum dos 53 milagres atribuídos a sua imagem – e que justificaram a sua canonização – relacionavam-se a casamentos. A maioria deles diziam respeito a problemas de saúde.

Mas, há algumas histórias que explicariam o seu sucesso como o Santo que ouve a súplica de quem quer se casar. A mais famosa conta que uma jovem não tinha dinheiro para se casar. Na época as moças tinham que ter dotes para isso. Ela, então, rezou para Santo Antônio e uma estátua dele deu um bilhete a ela.

No papel estava escrito que ela deveria levar o recado a um comerciante da cidade, que lhe daria, em moedas de prata, o peso do papel. Ao chegar lá, o homem achou curioso, mas aceitou atender ao pedido da moça.

Ele colocou o pequeno bilhete em um dos pratos da balança e no outro, uma moeda de prata. Para a surpresa deles, o papel era muito mais pesado. Ele foi acrescentando moedas, até equilibrar a balança. Foram necessárias 400.

Após o feito inesperado, não demorou para que a moça passasse a ser procurada por diversos pretendentes, até enfim se casar. Desde então, jovens do mundo todo passaram a recorrer ao Santo Casamenteiro.

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