Câmera, alarme e acesso: central com 250 pessoas está de olho nas escolas de MS
Como resposta ao medo de massacres nas escolas, sistemas de segurança foram apresentados nesta quinta (13)
É numa central repleta de telas e com uma equipe atenta a qualquer movimento estranho, que 255 das 348 escolas pertencentes à Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul atualmente são vigiadas em tempo real. Implantado em agosto de 2022, o sistema funciona inclusive fora do horário e dias regulares de aula, ininterruptamente.
Nesta quinta-feira (13), após o anúncio de ampliação do videomonitoramento e instalação de dispositivos de segurança nas escolas da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul, a SED (Secretaria de Estado de Educação), o núcleo de inteligência nas escolas da PM (Polícia Militar) e a gerência do Centro de Operações de Segurança Integrado (Cosi) apresentaram o funcionamento desse sistema.
O Cosi é coordenado por uma empresa especializada em segurança escolar, que possui uma central em Campo Grande e conta com equipe total de 250 pessoas, sendo que de 80 a 100 delas se revezam entre plantões.
Nos monitores, os funcionários acompanham vídeos enviados por 1.293 câmeras instaladas nos ambientes internos das escolas. Gerente do Cosi, Vicente Lopes explica que, além desses equipamentos, são supervisionados os alarmes e sistemas de acesso.
Cosi tem equipe de 250 pessoas atentas à 1,2 mil câmeras (Foto: Marcos Maluf)
Há um link direto com a PM, agentes responsáveis pela ronda escolar, Corpo de Bombeiros e Samu (Serviço Móvel de Urgência e Emergência) para informar qualquer necessidade de atendimento verificada, complementa Vicente.
O “botão do pânico” é outro sistema auxiliar interligado ao Cosi. “Ele não é um dispositivo físico, está nos smartphones de funcionários e agentes de segurança das escolas e pode acionar em tempo real a nossa central”, esclarece o gerente.
“Botão do pânico” fica dentro de aplicativo à mão de funcionários (Foto: Marcos Maluf)
Núcleo de inteligência – Novidade anunciada nesta quarta-feira (12) como resposta ao medo dos massacres em escolas, como o recentemente ocorrido em Blumenau (SC), o núcleo de inteligência da PM passará a integrar o Cosi.
A polícia contará com um gabinete especial na central, segundo o coronel Carlos Hudmax. “Teremos um gabinete exclusivo instalado para prevenir esses eventos, que poderá compartilhar com os órgãos públicos de segurança estadual e municipal e até de nível federal os dados captados. Assim, todos poderão agir no que precisar”, pontua.
A inclusão do núcleo de inteligência, além de psicólogos e servidores da SED, deverá transformar a equipe do Cosi em multidisciplinar. “Então, além de uma equipe robusta de policiais, teremos outros profissionais para prestar atendimento imediato e depois estudar o caso, para ver quais medidas podem ser tomadas num possível pós-evento”, finaliza Hudmax.
Ocorrências – O número de ocorrências registrado atualmente é considerado baixo.
“É um quantidade reduzida. Temos uma média de 6 a 7 ocorrências reais em todo o Estado. Geralmente são casos de prevenção de furto, vandalismo e conflito entre alunos”, começa Vicente Lopes. Se uma ocorrência é constatada, “imediatamente enviamos equipe para fazer tratativa. Se tiver necessidade de ação da polícia, bombeiros ou Samu, nós acionamos na hora”, descreve Vicente Lopes.
Ampliação – Terão cobertura de segurança com câmeras, alarmes, controle de acesso, até o final de abril 100% das instituições de ensino da rede estadual localizadas na zona urbana dos 79 municípios, garantiu o secretário de Estado de Educação, Hélio Daher. O número de unidades atendidas deverá passar das 255 atuais para 298.
Essa ampliação foi a resposta anunciada ontem (12) pelo governo à onda de medo que se espalhou por todos os estados brasileiros após o caso da creche Cantinho do Bom Pastor, ocorrido em Blumenau (MG). “Hoje, então, a gente tem o problema do pânico instalado nas famílias. Se chega notícia de que em tal escola aconteceu alguma coisa, o centro de monitoramento oferece resposta rápida a qualquer ocorrência e dá a garantia de que, naquele momento, a escola está tranquila”, falou Hélio Daher.
Separar o que é fato do que é falso quanto à violência nas escolas é um benefício do sistema de monitoramento. “Podemos acalmar a comunidade, que vai ouvir da nossa parte: ‘olha, fique tranquilo, que é um boato, uma fake news’. Já o que for ocorrência, terá resposta em tempo rápido”, acrescenta o secretário.
Escolas da zona rural – Quanto às escolas da zona rural, inclusive as localizadas em território indígena, o desafio é a conectividade com rede de internet. “Quando falta conectividade, impede resposta rápida em tempo real. Estamos estudando uma outra forma de atender as escolas dessas localidades”, afirmou o titular da SED.
A estimativa da secretaria é que são 50 as escolas da zona rural que estão de fora do sistema de monitoramento e demandam outra solução para reforço da segurança.