Câmara inocenta Diogo Castilho e libera desrespeito a medidas sanitárias
Vereadores ignoraram confissão de colega sobre descumprimento de toque de recolher e rejeitaram denúncia por unanimidade
A Câmara de Dourados travou verdadeira batalha contra a Justiça para evitar levar a plenário a denúncia de quebra de decoro por parte do vereador Diogo Castilho (DEM). Ele foi acusado de desrespeitar o toque de recolher adotado no município para conter a pandemia de covid-19.O presidente da Casa Laudir Munaretto (MDB) recebeu duas intimações para cumprir decisão judicial, recorreu, perdeu, ignorou a primeira intimação e recorreu de novo, dessa vez ao Tribunal de Justiça, para manter a representação arquivada.Mas nem precisava tanto trabalho.
Não precisava movimentar a estrutura do poder público custeada com dinheiro do povo se o resultado já estava decidido nos bastidores, no verdadeiro jogo de cartas marcadas.
Na sessão da noite desta segunda-feira (14), finalmente Laudir Munaretto cumpriu a decisão judicial e levou a denúncia ao plenário. O placar não poderia ser outro: a representação foi rejeitada por 16 votos, unanimidade entre os vereadores participantes da sessão remota. Creuzimar Barbosa se recupera de covid, Diogo estava impedido de votar e o presidente só votaria em caso de empate.
Únicos a se manifestarem na sessão antes da votação, Elias Ishy (PT) e Daniela Hall (PSD) alegaram falta de provas do descumprimento do toque de recolher. O petista chegou a afirmar que a denúncia parecia “coisa pessoal”, feita com base em matéria de jornal.Os dois também citaram o fato de o boletim da Guarda Municipal – que encerrou o jantar de Diogo e colegas médicos em restaurante da cidade no dia 14 de abril – não citar o nome do democrata.
De fato, o boletim não cita o nome de Diogo Castilho. Se limita apenas a transcrever informação do gerente do restaurante de que entre os clientes estava “um vereador”.Só que Elias Ishy, Daniela Hall e todos os outros 14 que votaram pela rejeição da denúncia ignoraram o fato de que Diogo Castilho é “réu confesso”.Em entrevista à rádio Grande FM no dia 14 de maio, ele admitiu que estava no jantar do dia 14 de abril. Entretanto, mentiu na entrevista ao afirmar que ficou até 21h15, ou seja, 15 minutos após o início do toque de recolher. Alegou que estava na fila para pagar a conta”.A informação não é verdadeira.O jantar foi encerrado pela Guarda Municipal às 22h15, conforme consta no boletim de ocorrência. Naquele período, o toque de recolher em Dourados ia das 21h às 5h, ou seja, ele ficou no restaurante uma hora e 15 minutos depois de iniciada a proibição de circulação. E só foi embora porque o jantar foi encerrado pela Guarda.“A Câmara de Dourados nos mostra hoje que a lei não vale para todos. Nós empresários pagamos caro com lockdown, medidas restritivas, desemprego, pessoas morrendo e vereadores descumprindo as regras do próprio município e ainda sendo defendido pelos colegas”, protestou o autor da denúncia contra Diogo Castilho, o empresário Luan Padilha Araújo.Ele contesta a alegação dos vereadores para o arquivamento, de que não havia prova. “O próprio Diogo é réu confesso. Na rádio ele falou que estava no ambiente e saiu 15 minutos atrasado, mas na verdade saiu às 22h15. São os que diziam ser da nova política tendo os velhos hábitos”, afirmou.“Nós empresários estamos pagando o preço para que eles possam jantar nos melhores restaurantes, desrespeitando o toque de recolher e fazendo o que quer”, reclamou.