Marçal faz balanço dos 100 dias de mandato e afirma: “vamos fazer muito em quatro anos”

Marçal faz balanço dos 100 dias de mandato e afirma: “vamos fazer muito em quatro anos”

Completando 100 dias de mandato nesta quinta-feira (10/4), o prefeito Marçal Filho (PSDB) enxerga de forma positiva o início da sua gestão. Relatando alguns percalços encontrados no caminho, ele estima uma cidade diferente nos próximos meses e promete elevar o patamar de Dourados até o fim de 2028, quando encerra o atual ciclo. 

Eleito no ano passado com a maior votação já registrada no município – foram 60.418 eleitores que acreditaram em sua gestão -, o chefe do Executivo recebeu o Dourados News em seu gabinete durante a semana e falou sobre como tem sido administrar a cidade que nasceu. 

Ele também contou sobre as dificuldades encontradas até o momento e como enxerga Dourados nos anos que terá pela frente. 

“Enxergo uma cidade bonita, limpa. Com atendimento à saúde humanizado, uma educação melhor cuidada. Ruas mais transitáveis (…). Posso até estar enganado, mas, nesses três meses, o que a gente já fez e, se continuarmos no ritmo que estamos, chegaremos ao fim dos quatro anos muito bem”, avaliou.

Ao mesmo tempo que prevê melhorias, o prefeito aproveita para cobrar uma atenção maior da classe política à mais populosa cidade do interior sul-mato-grossense: “Estou esperando que o governo [estadual] dê a Dourados o que ela merece”. Também pede à bancada federal, com quem se reuniu no fim de março em Brasília (DF), para apresentar projetos, que apoie os pedidos feitos por ele. “Fui muito bem recebido [pela bancada]. Agora, espero que esse muito bem recebido se torne ‘real’, porque entreguei para cada um deles projetos de recapeamento de ruas de regiões diferentes, são 11 no total”, disse.

No balanço sobre os pouco mais de três meses, Marçal demonstrou algumas conquistas, entre elas, a entrega do posto de saúde do Jardim Maracanã, a obra de duplicação de trecho da Avenida Aziz Rasselem, a reversão da suspensão por parte do TCE (Tribunal de Contas do Estado) para contratação de 3 mil vagas em creches e a humanização em atendimentos públicos como na Central de Matrículas e nos postos de saúde.

Porém, entende que há muito ainda o que fazer, principalmente no que diz respeito a saúde pública, classificado como o maior problema a ser enfrentado neste momento. “Falta de médico é uma realidade, não vamos resolver em pouco tempo. Precisamos ter mais rapidez de exames e cirurgias, que demora um pouco [para resolver a situação]. Mas, o acolhimento [humanização] que as pessoas vêm recebendo [nas unidades de saúde], está acontecendo, e estamos fazendo isso em todos os postos”, citou.

Outra marca que pretende deixar é referente a reconstrução do Parque Arnulpho Fioravante, conhecido como ‘Ceper da Rodoviária’, onde disse já possuir recursos garantidos através de emendas parlamentares. 

Dificuldades

Marçal Filho disse que a principal dificuldade no início de gestão foi reverter a suspensão das contratações de vagas – Clara Medeiros/Dourados News

Neste início de gestão, o prefeito Marçal Filho revelou ao Dourados News que a principal dificuldade foi reverter uma decisão do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul) que suspendeu processo licitatório aberto no ano passado para a contratação de 3 mil vagas em creches.  

“Me causou muita preocupação, porque contávamos já com isso [as vagas contratadas]. Aí o TCE fala: não! Porque a administração passada fez errado, vamos ter que suspender. E suspenderam. Fomos até lá, refizemos [o processo] e conseguimos recuperar”, afirmou. 

O prefeito também citou visita ao MEC (Ministério da Educação) em uma das agendas em Brasília para buscar recursos para construções e reformas de escolas e Ceim’s (Centros de Educação Infantil Municipais) e constatou, segundo ele, alguns investimentos se perdendo por falta de atualização cadastral e de projetos. 

“Fui no MEC falar que precisávamos de escolas. Tem lugar que não temos escolas e outros que elas estão condenadas [Marçal citou o caso da Escola Municipal Frei Eucário Schmitt, no Jardim dos Estados], caindo aos pedaços. E ele [servidor do MEC] foi lá no sistema ‘Dourados’. Tem recursos há bastante tempo. Ele foi olhar o sistema e se surpreendeu, como eu. Porque desde 2012 não é atualizado pela prefeitura com dados. Tem duas escolas que estão disponíveis R$ 4,5 milhões [para obras] cada uma, há muito tempo. Na época, a contrapartida era quase nada, hoje ela é alta. Hoje eu vou ter que colocar R$ 2 milhões ou R$ 3 milhões em cima desse recurso [para recuperá-lo]. Fiquei a me perguntar [o motivo] e fui ver custeio. Vai ter que aumentar o custeio por que são mais alunos? Não, porque o Fundeb paga por aluno. A contrapartida na época era praticamente zero”, citou ao exemplificar dificuldades burocráticas encontradas. 

“Eu tinha uma certa imagem de que a coisa não estava tão ruim assim, porque vendia a ideia de casa arrumada. Mas não, é uma bagunça generalizada, uma falta de organização da própria burocracia interna da prefeitura. E esse fato da educação que te falei ilustra, não é?”. 

Ainda na educação, ele destacou a entrega dos kits escolares no início do ano como um ‘marco’ e pretende, a partir do ano que vem, disponibilizar uniformes aos alunos da Reme (Rede Municipal de Ensino) logo na primeira semana de aula. “Em menos de dois meses [de aula], entregamos os uniformes, houve problema na licitação na gestão passada, acho uma coisa óbvia entregar [material e uniforme] no primeiro dia”. 

Gargalo

O prefeito também classificou a saúde pública como o principal ‘gargalo’ de sua administração durante os primeiros 100 dias. Marçal Filho relata que além dos problemas estruturais, há também uma certa resistência interna de pessoas que não querem mudanças. 

“Algumas situações têm que ser consertadas, e às vezes, temos muita resistência dentro de determinados grupos na área de saúde que não querem mudar o que está aí. A cada movimento nosso de tentar modificar isso, sofremos resistência. Digo de pessoas, não categorias específicas. Existem pessoas dentro do sistema que não aceitam mudanças que precisam ser feitas para que o resultado à população seja melhor, porque aí você economiza dinheiro”, conta, sem relatar quais seriam esses entraves.

O prefeito também cita dificuldades de investimentos diante da falta de recursos neste início de ano. “Tem algumas distorções que fazem com que a prefeitura gaste muito, mas gaste mal. Aí o atendimento à saúde continua mal. Você olha os números e fala: nossa, mas está gastando tudo isso? Você vai ver que não é bem gasto, porque não consegue levar o que é necessário, que são mais médicos à disposição, mais exames feitos de forma rápida. Estamos tomando várias medidas, mas é claro que neste começo faltam recursos para isso, não tem dinheiro”, aponta. 

Apesar dos problemas econômicos, o município vem trabalhando para lançar um novo programa de cirurgias eletivas no segundo semestre, utilizando recursos próprios. 

Para isso, Marçal Filho vem enxugando a máquina pública. Segundo ele, secretárias que antes contavam com mais de uma dezena de funcionários, hoje se resumem a menos de 10 pessoas, algumas até quatro. “Os secretários vivem me pedindo pessoal, mas não tem”.
Segundo relatado por ele, a folha salarial quando assumiu a gestão comprometia 53,7% do orçamento, valor próximo ao limite para a implicação de crime de responsabilidade fiscal, ocorrendo improbidade administrativa.

“Esse é o problema, sua margem de investimento é quase zero. Tem que repassar dinheiro à saúde e educação obrigatoriamente e o resto que sobra da folha para investimentos, é quase nada”, afirmou ao Dourados News

Humanização

Prefeito pretende lançar um mutirão de cirurgias eletivas no segundo semestre – Foto: Clara Medeiros/Dourados News

Apesar das dificuldades de investimento encontrados neste início para ações pontuais na saúde pública municipal, Marçal Filho comenta sobre uma ação que a administração vem realizando e ganhando elogios. A humanização iniciada nos postos de saúde. 
De acordo com ele, o processo teve início após avaliação de novos coordenadores das UBS’s (Unidades Básicas de Saúde) antes da designação à chefia do local. 

“Passou a ter critério técnico [escolha dos coordenadores]. Não tem indicação minha e de ninguém. Foram enviados currículos, o secretário [de Saúde, Marcio Grei Alves Vidal de Figueiredo] se reuniu e conversou com cada um deles. Isso tem mudado bastante no atendimento, recebia muitas reclamações e hoje recebo elogios”, contou.

Outro ponto citado é a descentralização da entrega dos medicamentos, antes restrito ao PAM (Pronto-Atendimento Médico). 
Agora, outros postos de saúde também começam a receber a medicação. “A pessoa faz consulta no posto e recebe ali mesmo”, relata o prefeito ao Dourados News, afirmando que a ideia é atender com os remédios em casa as pessoas acamadas. 

Em relação a falta de médicos e outras demandas que geram reclamações, o prefeito afirma entender e trabalhar para que seja normalizado, porém, pede paciência à população. 

Iluminação

Situação que tem gerado bastante reclamação da população é a iluminação pública. O contrato com a empresa responsável pelo serviço foi encerrado no fim da gestão passada e até o momento um novo certame ainda não ocorreu. 

Hoje, o município tem trabalhado com equipes próprias para trocar luminárias, porém, a demanda é grande, causando dificuldades nos reparos. 

“Em novembro [gestão passada] poderia ter renovado o contrato [com a empresa]. Poderia ter feito isso, mas não fez. Encerrou o contrato, não tinha como trocar uma lâmpada, foi uma maldade. Não comigo, mas com o povo. Poderia ter renovado o contrato por cinco meses. O que eu fiz? Quando percebi que a licitação iria demorar, compramos o material e peguei os eletricistas da prefeitura e estamos fazendo aos poucos, é devagar, as equipes são poucas. Não é como uma empresa grande. Minha meta em quatro anos é Dourados toda em led. Hoje, existe em torno de 40% [da cidade] em led. Em quatro anos termino”, disse.

Classe política

Marçal também foi direto com a classe política. Ele afirma ter sido bem recebido em todos os lugares, porém, também cobra que as promessas feitas em investimentos à maior e mais populosa cidade do interior sul-mato-grossense saiam do papel e não fiquem apenas nas palavras. 

Para ele, todas as emendas individuais de parlamentares da bancada serão creditadas aos responsáveis com o título de ‘padrinho’. 
“Fui muito bem recebido [pela bancada em Brasília]. Agora, espero que esse muito bem recebido, se torne real, porque entreguei para cada um deles projetos de recapeamento de ruas, projetos de regiões diferentes, são 11. Para que cada um se torne o ‘padrinho’ daquilo ali. Politicamente no ano que vem [quando ocorrem as eleições gerais], eles poderão dizer, e eu também vou dizer, que em cada região, o padrinho é o ‘fulano de tal’, foi ele que conseguiu [recursos], para que seja valorizado, não importa que partido seja”, contou.

Em relação ao Estado, Marçal disse esperar mais ações para a cidade dentro do seu mandato. 

Ele cita a presença de obras no município, porém, que já estavam em andamento antes de assumir o posto como prefeito, buscando agora mais investimentos. 

“Espero mais do Governo. Até agora eu não recebi nenhuma coisa concreta. Eu recebi sinalização [de investimentos]. Hoje você tem a Coronel Ponciano [avenida], que vai ser entregue na minha administração e está praticamente concluída, tem o Hospital Regional, que está praticamente concluído. São todas obras não da minha administração, então, eu estou esperando mais. Estou esperando que o governo dê a Dourados o que Dourados merece. Vi agora em Maracaju, o Governo do Estado vai fazer um aeroporto, está fazendo avenidas, uma série de coisas. E eu fico com ciúmes de Maracaju, porque eu quero saber para Dourados, que é a segunda maior cidade do Estado e precisa de muito dinheiro principalmente recapeamento e conserto das ruas”.

Relação com a Câmara

Marçal Filho durante posse no dia 1º de janeiro, na Câmara de Dourados – Foto: Clara Medeiros/Dourados News/Arquivo

Também em início de mandato, a nova formatação da Câmara de Dourados tem mantido certa ‘harmonia’ com o Executivo municipal, até porque boa parte dos vereadores eleitos estavam na composição que deu a vitória a Marçal nas eleições de outubro do ano passado. 

As exceções são para problemas pontuais, cobrados pelos parlamentares, o que para o prefeito é algo normal. 

“As críticas que vejo em relação a pontos que precisam ser corrigidos na administração, são verdadeiras. Realmente, tem postos de saúde que não poderiam ser chamados de postos, tem escolas caindo aos pedaços, o atendimento à saúde não é o adequado ainda”, ressalva.

Já em relação às falas sobre assuntos acumulados em outros mandatos, ele pede tempo e também consciência à população e aos próprios vereadores. 

“São críticas verdadeiras, agora, é claro que eles devem ter consciência, vereadores e população. Não dá para resolver problemas de várias décadas, de vários anos, em três meses. Não dá! Querer atribuir a mim a resolução dos problemas que se arrastam há muitos anos em três meses, é insano. Quem estiver falando isso está usando de má-fé em dizer que em três meses eu posso resolver os problemas de vários anos. Eu tenho certeza que no final dos quatro anos eu vou resolver. Mas ao final dos quatro anos. Preciso desse voto de confiança”, disse.

Sonho

Projeto é criar um ‘novo’ Parque Arnulpho Fioravante com recursos da bancada federal – Foto: Clara Medeiros/Dourados News

Ao Dourados News, o prefeito Marçal Filho afirmou que pretende deixar sua marca na cidade através de uma obra estrutural numa das principais áreas verdes dentro do contexto urbano do município. 

No Parque Arnulpho Fioravante, conhecido como ‘Ceper da Rodoviária’, um projeto vem sendo desenvolvido para mudar a realidade do local. 

Ainda em fase embrionária, a ideia já tem aval da bancada federal que destinará R$ 40 milhões para que saia do papel. 

“Tenho um grande projeto, que será o Parque Arnulpho Fioravante. Consegui R$ 40 milhões da bancada, e ali será ‘o parque’. Lá tem trilha, mas vamos aperfeiçoar e transformar [o parque]. Duas empresas me mostraram projeto paisagístico, estruturante e de como eu quero que seja feito. O projeto executivo eu ainda dependo de Brasília, porque um projeto daquele tamanho custa R$ 1 milhão, R$ 1,5 milhão, por isso dependo da liberação de recursos da bancada, talvez comece a ser liberado ainda este ano”, finalizou.

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