Caçada por ‘justiceiros’, ‘Mariposa Traicionera’ jura que é inocente
A paraguaia ‘Mariposa Traicionera’, caçada na fronteira entre Paraguai e Mato Grosso do Sul pelo grupo ‘Justiceiros da Fronteira’ deu uma entrevista de 16 minutos à emissora de rádio Império FM 103,1, de Pedro Juan Caballero, ontem (28), e jurou que é inocente.
Segundo o Campo Grande News, Letícia, como ela se identifica, negou que tenha ligação com o crime organizado, que está escondida em outro país para não ser morta, e cobrou proteção do governo para a sua família, principalmente à filha adolescente, que mora com o pai na cidade vizinha a Ponta Porã.
Horas depois da entrevista, várias fotos da mulher começaram a se espalhar pelas redes sociais. Inclusive, em uma dela, a ‘Mariposa’ aparece segurando uma pistola automática.
Em outra postagem, o JDF (Justiceiros da Fronteira) pergunta: “onde você se meteu mariposa? Mas eu juro pelos meus irmãos que você tirou de mim porque agora você não é mais nada. Você já não é mais a patroa que era antes. O ódio que sinto por você é mais forte que qualquer coisa”.
Ainda conforme o site, na entrevista, Letícia afirmou não saber o motivo de ter sido jurada de morte, que não tem poder para contratar matadores profissionais e que só fugiu da fronteira para não ser morta.
Ela disse que a perseguição começou em julho de 2019 e alegou não saber por qual motivo entrou para a lista dos assassinos. “Falavam que eu era dos ‘justiceiros’, mas eu nunca fui desse grupo de bandidos. Agora os justiceiros falam que eu estou com o ‘Crime’, mas não é verdade”, afirmou ela.
“Eu tive que abandonar Pedro Juan Caballero em 2019 porque esse grupo está me caçando, mudou toda a minha vida e a vida da minha família. Em 2020, começou tudo de novo, falaram que eu era do grupo Justiceiros da Fronteira, mas eu nem sei quem são essas pessoas, é tudo mentira”, alegou Letícia.
A reportagem do Campo Grande News também menciona que a mulher foi funcionária da prefeitura de Pedro Juan, por 19 anos, inclusive na gestão do atual prefeito, José Carlos Acevedo.
“São tantas mortes na fronteira, mas eu estou longe, não sei de nada, peço que me deixem em paz. Não sei por qual motivo estão me complicando a vida. Estou muito triste pelo que estão dizendo de mim, espalhando minhas fotos, eu tenho mãe, eu tenho pai, eu tenho uma filha de 14 anos”.
Faz parte do crime
Moradores da fronteira afirmam que ‘Mariposa Traicionera’ segue sim os lendários chefões do crime organizado.
“Quem ouviu a entrevista e mora há muito tempo na fronteira vai se lembrar da primeira entrevista de Fahd Jamil, das vezes que Jorge Rafaat falou com a imprensa, vão se lembrar até da entrevista de Jarvis Pavão”, disse fronteiriço.
Os três nomes citados pelo morador foram ‘patrões’ do crime organizado na fronteira. Jorge Rafaat foi executado em junho de 2016, supostamente pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).
Já Fahd Jamil, de 80 anos, está em prisão domiciliar e usando tornozeleira eletrônica. Jarvis Gimenes Pavão cumpre pena no presídio federal em Brasília.
Sem a presença desses ‘capos’ famosos, facções brasileiras e paraguaias lutam pelo controle do trecho mais sangrento da fronteira entre Paraguai e Brasil.
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