Cientista político diz que esquerda tem de se reinventar para não definhar em MS

Cientista político diz que esquerda tem de se reinventar para não definhar em MS

Direita se alinha com o centro, divide forças, e abre vácuos que esquerda precisa aproveitar

Em 1998, o PT elegeu seu primeiro governador em Mato Grosso do Sul, com 61% dos votos válidos, feito repetido em 2002, com índice de 53%. O desempenho da legenda nas eleições regionais não manteve a mesma força e, atualmente, por exemplo, o partido comanda apenas uma prefeitura no Estado.

Segundo o cientista político Tércio Albuquerque, o enfraquecimento gradual em MS é sinal de que a esquerda precisa se reorganizar, aproveitando a pulverização da direita, que se abre em várias frentes de atuação, a exemplo do cenário nacional. Do contrário, segundo ele, vai patinar sem alcançar melhores resultados, a exemplo de Camila Jara, que terminou a disputa em quarto lugar, com 9,43% dos votos.

O crescimento da direita foi fenômeno político que começou a se consolidar a partir da crise do governo Dilma Rousseff, em 2014, e a popularidade de Jair Bolsonaro, que se elegeu presidente em 2018. Ele não se reelegeu em 2022, mas o bolsonarismo sobreviveu, com rupturas que formaram outras forças dentro da direita.

A exemplo do cenário nacional, a direita cresceu em MS e, segundo Albuquerque, não manteve a radicalidade dos tempos iniciais, ficando mais próxima do centro.

“Isso possibilitou formar coligação dentro de estrutura que não era pensada antes”, disse o cientista político, citando a união do PSDB e do PL no Estado, em que Beto Pereira tinha como vice Coronel Neidy, diretamente indicada por Bolsonaro.

A abrangência também acaba caindo na pulverização, com várias frentes de atuação da direita. Albuquerque cita, ainda, o apoio maciço de Tereza Cristina, nome forte no bolsonarismo, na candidatura de Adriane Lopes (PP), para não deixar apoiadores sem uma “mãozinha”. Mesmo se dividindo e perdendo a força central, a direita se movimenta livremente.

“A esquerda precisa aproveitar o vácuo da direita, precisa se arrumar nesse espaço aí para não definhar”, avaliou o cientista político.

No Estado, depois da eleição de Zeca do PT para governo, a legenda colecionou resultados tímidos e, na atual gestão, tem apenas a Prefeitura de Ribas do Rio Pardo, depois que João Alfredo Danieze trocou o PSOL pelo PT.  Danieze, porém, não se reelegeu, perdendo a cadeira no Executivo para Roberson (PSDB). Um alento em Campo Grande é a eleição de três vereadores: Luiza Ribeiro, Jean Ferreira e Landmark.

Na eleição em Campo Grande, Camila Jara (PT) não conseguiu aproveitar esse vácuo e, desde o início da campanha, figurou na terceira posição. “Acredito que ela é balão de ensaio para consolidar reeleição e para crescimento futuro”, disse Albuquerque.

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