Com o tema “Adoção não tem raça, tem cores”, GAAD promove caminhada no dia 18 e realiza debates
No dia 25 de maio comemora-se o Dia Nacional da Adoção, e em Dourados, ações irão abordar o tema com a sociedade. O tema das atividades em 2024, “Adoção não tem raça, tem cores”, visa debater a temática de adoções inter-raciais.
O GAAD (Grupo de Apoio À Adoção de Dourados) Acolher realizará uma caminhada no dia 18, às 8h, com concentração na Praça Antônio João. No sábado (25), uma mesa redonda “Família Coloridas”, acontece às 14h, no auditório da Aced (Associação Comercial e Empresarial de Dourados).
Os eventos da Semana da Adoção visam estimular a adoção legal e humanizada de crianças e adolescentes, despertar o interesse à adoção de crianças maiores de grupos de irmãos e de crianças e adolescentes com necessidades especiais, bem como diminuir estigmas e preconceitos.
Como explica, Lourdes Missio, coordenadora do GAAD, a adoção inter-racial é o termo utilizado para se referir as famílias constituídas pela adoção, onde os responsáveis possuem raça/ etnia diferente do filho adotado.
“Esse tema precisa ser debatido. Atualmente a maioria das crianças disponibilizadas para adoção são pretas e pardas. As famílias adotivas precisam estar preparadas para enfrentar o racismo e o preconceito com relação a adoção étnico-racial, e nesse sentido também podemos incluir as crianças indígenas que acabam sendo adotadas por família de não indígenas”, disse.
Conforme dados do TJMS, atualmente são 8 crianças aptas para adoção em Dourados. O total de pessoas na fila de espera chega a 28.
O GAAD presta apoio às famílias nesse processo. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos, formada por pessoas voluntárias que fazem parte da sociedade civil e possuem o foco de divulgar sobre o tema, buscando garantir um convívio familiar para crianças e adolescentes que estão longe do seio familiar biológico por razões diversas. Podem participar do Grupo pessoas que anseiam adotar, as que estão a espera da adoção, pais em processo de aproximação e de adaptação, famílias constituídas pela adoção, simpatizantes da causa, profissionais ou futuros profissionais que atuam junto às famílias.
Foi no GAAD que Juliana Benites Pádua, 37, servidora pública e o esposo Eder Pereira Gomes, 50, servidor público, encontraram apoio para dar encaminhamento ao processo de adoção de Pedro, atualmente com 4 anos e de Josué, 8 anos. Os irmãos indígenas foram apresentados ao casal, que iniciou o processo de adoção em 2020, em fevereiro de 2022 entrou na fila da adoção e, em janeiro de 2023, obteve a guarda provisória dos meninos para fins de adoção.
“Sempre sonhamos com uma família grande e, quando fizemos o cadastro sinalizamos que adotaríamos irmãos e, isso de certa forma, até fez o processo andar mais rápido, já que a maioria opta por só uma criança, mas mesmo assim foi uma surpresa”, conta a mãe.
Quando o casal conheceu os irmãos, o processo de aproximação e as visitas começaram e também a “gestação no coração”, como conta Juliana.
“Vem o misto de incertezas, o medo de não dar conta, as inseguranças comuns para os novos pais, como se fosse um processo de uma gravidez, mas de forma diferenciada”, cita.
Em alguns meses, o apego e a conexão da nova família se formava, bem como a ‘correria’ para a nova fase.
“Com algum tempo, o maior me chamou de mãe, durante a despedida de uma visita meu esposo foi chamado de pai e foi muito surpreendente para nós. Começamos a arrumar o quarto, as cadeirinhas para o carro, nos organizar, reservamos um certo valor financeiro para esse momento”, conta.
Juliana na época obteve a licença maternidade de quatro meses e optou por não estender. A nova mãe buscava se adaptar a uma rotina modificada.
“Tive minha fase do puerpério, das dificuldades, de aprender a lidar com eles, com a nova rotina, enfim, tudo que a mudança traz quando a família aumenta”, cita.
Atualmente a servidora conta que pela manhã fica em casa com as crianças, a tarde vai para o trabalho, enquanto os meninos vão para a escola. Durante a semana, os menores participam de diversas atividades como judô, futebol e violão. Nessa jornada de amor e de cuidados, ela conta que a rede de apoio é fundamental e que os meninos foram “abraçados” por todos.
“Minha família, meus amigos me apoiaram sempre, minha sogra mesmo ajuda bastante, dá a eles todo o amor, sempre diz a todos que os ama como se fosse ‘netos de sangue’ e estamos todos buscando que se desenvolvam muito bem”, disse.
Como participar do GAAD Acolher
O Grupo realiza encontros mensais, sempre nas últimas quarta-feira de cada mês, às 19h30, no Lar de Crianças Santa Rita. O endereço é rua Toshinobu Katayama, n°1030.