MS quer ser pioneiro em créditos de carbono para agricultura familiar
De olho na meta de tornar Mato Grosso do Sul carbono neutro até 2030, o Governo do Estado vai firmar parceria para apoiar iniciativa de retenção de gases em pequenas propriedades dedicadas à agricultura familiar. Um chamamento, com receita de R$ 954 mil, foi feito pela Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) para seleção da parceira no projeto, que é considerado no País.
A ideia é dar apoio técnico e acesso a recursos para que pequenos agricultores criem agroflorestas, destinando parte de sua propriedade para o cultivo exclusivo de árvores nativas do Cerrado e frutíferas. O secretário executivo da Agricultura Familiar, de Povos Originários e Comunidades Tradicionais de MS, Humberto de Mello, disse que a ideia surgiu porque essa modalidade de produção tem potencial de retenção de carbono, gerando créditos para comercialização no futuro, e o setor não teria condições de alavancar sozinho essa possibilidade.
O governo chegou a anunciar o interesse de parceria com o banco holandês Coöperatieve Rabobank U.A., que criou uma plataforma e tem know-how com a quantificação e comercialização dos créditos. Já havia sido divulgado que a instituição criou uma plataforma que envolve desde a medição do crescimento da biomassa, por meio de sensoriamento remoto, e a comercialização do crédito de carbono aos clientes. A ideia é destinar aos agricultores familiares 80% dos créditos que a agroflorestal venha a gerar.
A quantificação da geração de carbono em atividades produtivas e as medidas para a retenção, a fim de evitar o efeito estufa e o aquecimento global, ainda são tema novo no País. Recentemente foi aprovada lei pelo Congresso Nacional e o agro acabou conseguindo ficar fora dos limites da lei, com o argumento da impossibilidade de se fazer a quantificação por enquanto.
Pelos números do governo, para esse projeto, que envolve somente pequenos produtores, a ideia é de que se chegue a 2 mil hectares de áreas destinadas a agroflorestas até 2027. Cada pequena propriedade teria 2 hectares de sua área para plantio de árvores. Há até um projeto de como seria a produção com as espécies nativas, elaborado por professores e pesquisadores da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), em conjunto com a Acorn e a Cooperativa de Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul (Cooperapoms). Além da universidade, a Agraer também deve assessorar os interessados em criar agroflorestas.