Célula do PCC que planejava matar Sérgio Moro construiu cofre para guardar fuzis em Campo Grande
Polícia Federal identificou conversas codificadas de célula ‘restrita’ da facção PCC
Uma célula da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) denominada ‘Restrita’ – que reúne membros da alta cúpula da facção especializados na identificação de alvos de ataques – construiu um cofre em um apartamento localizado em Campo Grande. O compartimento foi feito para guardar fuzis que seriam usados no plano de atentado contra o ex-juiz e senador Sérgio Moro. A Polícia Federal deflagrou Operação Sequaz no último dia 22 de março contra plano que também pretendia atacar um promotor de São Paulo.
O Jornal Midiamax teve acesso a documentos da investigação policial que culminou na expedição dos mandados de prisão e busca e apreensão. A ação da PF, que cumpriu mandados em Campo Grande, foi feita com base em mandados expedidos pela 9ª Vara Federal de Curitiba.
A investigação revela que os membros do PCC mantinham conversas cifradas em que davam apelidos para que o plano de ataque não fosse descoberto.
Mato Grosso do Sul vira ‘México’
Em uma das conversas, um membro conhecido como ‘Dodge’ fala com sua namorada e pede para que ela tire print dos códigos que ele vai enviar. Mato Grosso do Sul recebeu o apelido de ‘México’, o senador Sérgio Moro, o apelido de ‘Tokio’, já o crime de sequestro foi apelidado de ‘Flamengo’.
Ainda foram descobertas várias anotações, cadernos, em que havia a contabilidade de gastos com toda a operação de sequestro do senador pelo Paraná, Sérgio Moro.
Em Campo Grande, havia detalhamento de despesas: 110 Duda México (fuzil mais quadrado), logo abaixo na lista havia outras despesas relacionadas, $12 mil viagens falsamente, $50 início Flamengo, além de despesas com carro, motorista e aluguéis.
A facção detalhou um total de R$ 564,5 mil que seriam gastos com o plano de ataque ao ex-juiz. No documento há a menção de que um pedreiro era procurado para a construção de um cofre para a guarda de armas, fuzis, que seriam usados no plano de ataque. O compartimento ficaria em apartamento localizado em condomínio no bairro Pioneiros.
Ex-faccionado contou tudo
O plano de ataque e sequestro do senador Sérgio Moro foi delatado no dia 3 de fevereiro de 2023 por um ex-faccionado que estava jurado de morte pelo PCC. Ele forneceu telefones, nomes e dados de como estavam sendo planejados os ataques que poderiam ocorrer de forma simultânea.
Ainda segundo o documento, os membros da facção tinham um ‘circuito fechado’, que se tratava da troca de telefones a cada 15 dias para que evitassem ser rastreados.
Um dos membros da célula restrita, conhecido como ‘Fuminho’, é apontado como um dos maiores fornecedores de drogas para a facção e que estaria ligado por planejar o resgate de Marcos Willians Herbas Camacho, o ‘Marcola’, com uso de helicópteros, carros blindados e armamento de grosso calibre.
Outro membro conhecido como ‘Re’ é apontado como o articulador de planos de grandes assaltos a bancos e ataques a agentes públicos.
Plano de matar autoridades
Segundo as investigações, os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea, e os principais investigados se encontravam nos estados de São Paulo e Paraná.
A Polícia Federal descobriu que os faccionados rastrearam o local de votação do então candidato a senador Sergio Moro, em outubro de 2022. Esse foi um dos elementos que a PF reuniu para concluir que Moro seria um dos alvos do grupo criminoso.
Cerca de 120 policiais federais cumprem 24 mandados de busca e apreensão, sete mandados de prisão preventiva e quatro mandados de prisão temporária em Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo e Paraná.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, publicou nas redes sociais que o plano descoberto pela PF tinha como alvos vários agentes públicos, entre eles um senador e um promotor de Justiça.
Promotor também era alvo
Ex-ministro da Justiça e senador pelo Paraná, Sergio Moro e o promotor Lincoln Gakyia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de São Paulo eram os alvos de plano de morte descoberto pela Polícia Federal.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, no dia 22 deste mês, dia da Operação Sequaz, afirmou que um senador e um promotor de Justiça seriam alvos de plano de morte organizado pela facção criminosa PCC.
Pouco depois, a assessoria de imprensa do ex-juiz e atualmente senador pelo Paraná, Sergio Moro, informou que ele seria um dos alvos da quadrilha. Moro teria se tornado alvo quando determinou, ainda quando comandava o Ministério da Justiça no governo Bolsonaro, a transferência do líder do PCC, ‘Marcola’, em fevereiro de 2019. ‘Marcola’ foi levado de presídio de São Paulo para unidade prisional em Rondônia.
FONTE: Mídia Max