Advogada presa em Campo Grande pela PF teria enviado mais de R$ 324 milhões para fora do Brasil
Eliane era responsável pela remessa dos valores para outros países, segundo PF
A advogada Eliane Medeiros de Lima, presa na Operação Valetas, terceira fase da Operação Kryptos, nessa quinta-feira (3), em Campo Grande, já teria enviado para fora do país mais de R$ 324 milhões. A advogada, que tem inscrição na OAB de São Paulo, integrava organização criminosa liderada por Glaidson Acácio dos Santos, o ‘Faraó do Bitcoin’.
Eliane era uma corretora de criptomoedas, e responsável por enviar para países estrangeiros o segundo maior montante associado à GAS, cerca de R$ 324 milhões entre julho de 2019 e dezembro de 2020, como publicou o Jornal Extra em outubro do ano passado. A advogada só ficou atrás no envio de montantes para o exterior da esposa de Glaidson.
Segundo o relatório da Polícia Federal, “o braço da organização criminosa comandado por Eliane é responsável pela remessa e recebimento de valores da GAS para o exterior por meio de criptoativos”. Ainda segundo o relatório, em seis anos, Glaidson teria movimentado mais de R$ 38 bilhões, que acabaram bloqueados.
Durante o cumprimento do mandado contra a advogada, os agentes chegaram a ir ao escritório e à casa de Eliane. A investigação entre MPF (Ministério Público Federal) e PF apurou que a advogada era responsável pela administração de duas empresas em Campo Grande. Ela intermediava a movimentação financeira entre a GAS Consultoria — principal empresa investigada — e empresas no exterior.
Com isso, a acusada possibilitou a continuidade das atividades ilícitas da GAS, mesmo após a primeira fase da Operação Kryptos, que prendeu Glaidson. Também foi constatado que essa atividade de intermediação das movimentações financeiras ilícitas se intensificou após a deflagração da operação, em agosto de 2021.
Para a PF, este ‘braço’ da organização criminosa também foi responsável pela criação de uma corretora de criptoativos, concebida possivelmente com a intenção de dificultar o bloqueio e posterior confisco dos valores movimentados pelo grupo criminoso.
Os investigados poderão responder pela prática dos crimes de emissão ilegal de valores mobiliários sem registro prévio, organização criminosa e lavagem de capitais. Se condenados, poderão cumprir pena de até 22 anos de reclusão.
Faraó do Bitcoin
Glaidson está preso desde agosto, acusado de operar esquema de pirâmide financeira com criptomoedas no Rio de Janeiro. Na primeira fase da Operação Kryptos também foram apreendidos mais de R$ 13 milhões em espécie, 591 bitcoins — avaliados em R$ 115 milhões — e carros de luxo.
Ao menos 16 pessoas atuavam com o conhecido como ‘Faraó do Bitcoin’, que ainda é investigado por ser mandante da morte de um investidor concorrente.